Share/Bookmark

Memórias de uma Menor Alcoolizada

No comment yet
Ela estava passando no caixa do super mercado, suas mãos tremulas seguravam apenas duas coisas. Duas vodkas. Seu eterno refúgio, suas melhores amigas. Ela cambaleava sobre seus saltos pouco firmes que lutavam para aguentar aquelas pernas finas.


Suas mãos praticamente jogaram as garrafas sobre o balcão e a linda garota mal conseguia erguer a cabeça rente aos seus cabelos loiros naturais. Todos olhavam assustados, perguntando uns aos outros o porquê de uma garota tão bela e tão cheia de vida estar ali, daquela forma. Ela lentamente ergueu a cabeça e se apoiando na prateleira ao lado do caixa, colocou a mão no bolso tirando uma nota de vinte reias, totalmente amassada. A garota desenrolou a nota como se estivesse se divertido com aquilo, tal como uma criança se diverte assoprando bolinhas se sabões. Mas não eram bolinhas de sabões, era dinheiro para bebida.

Dinheiro para bebida para uma menina machucada. Uma menina cheia de dor, cheia de mágoas, cheia de horror. E essa menina cheia de horror, de mágoas e de dor estendeu a nota e olhou fixamente com sua maquiagem totalmente destruída para a atendente, que mesmo sabendo que não poderia vender a bebida para uma menor já estava alcoolizada, pegou o dinheiro e passou suas bebidas. Não sabe-se bem porque da atendente ter feito isso, superficialmente diriam ser medo da reacão da garota que nada estava bem.

Eu sou mais entregada a hipótese de que foram os olhos magoados da garota dizendo ” por favor não me negue isso” que de alguma forma tocaram a mulher, quem sabe por aquela atendente que agora estava passando a bebida, um dia ter estado no mesmo lugar da garota, mais diferente de agora, ninguém liberou a mulher e suas melhores amigas, ela teve que superar suas dores, medos e horrores sozinha e ir para um caixa de super mercado tentar resgatar um pouco da dignidade que ainda lhe restava. A menina agradecida pegou uma bebida em cada mão e continuou seu percurso tremendo, torcendo suas finas pernas e chorando.

Um coração machucado destrói uma vida mais intesamente do que uma dignidade afetada ou do que um pequeno deslize com uma bebida em maõs. E a mulher sabia que por mais que a bebiba pudesse matar a garota, ela ainda assim permaneceria mais viva do que si própria, que mesmo estando no caixa de um super mercado atendendo clientes, foi morta por um coração partido e sem nada para se apoiar, nem aos menos duas garrafas de bebidas.

(Por: Mayara Vizioli)

Postar um comentário

HOME | SOBRE

Copyright © 2011 Diário de Lucas | Powered by Blogger | Template by Lucas Almeida