Todas as noites, num quarto escuro, de uma cidade distante dos centros urbanos da capital Cearense, um garoto, por volta dos dezessete anos, se excluía do mundo, chorava abertamente para quem quisesse ouvir, e o problema era que ninguém queria. Ninguém sabia ao certo se ele chorava mesmo, muito menos o motivo, mas ninguém se interessava em ir perguntar a ele.
Nas manhãs que se seguiam ele até que sorria, mas no fundo se sentia incompleto, nem ele entendia o motivo de tanta solidão e de tanto choro. Ele queria descobrir. Mas nada que ele pensou era realmente comprovado, até que numa determinada noite, após seus choros silenciosos terminarem ele percebeu o que deveria ser. Todos ao seu redor tinham alguém, eles amavam. Ele não. Ele ia todos os sábados com alguns de seus amigos para outras cidades ou festas afim de conhecer alguma garota legal. Quando conhecia alguma que lhe interessasse tratava logo de ir atrás e conversar, mas sempre levava um fora.
Aos poucos ele foi perdendo a esperança de algum dia viver um amor verdadeiro, já que seus romances jamais passaram de frutos da sua imaginação. Em sua vida amou apenas duas pessoas, e ambas o dispensaram porque ele não possuía uma boa aparência, ou não se vestia bem como o garoto no qual elas gostavam na época.
Depois de ser pisado e muitas vezes até humilhado por algumas pessoas, ele percebeu que o mundo era cruel e perigoso. Decidiu que seria melhor desaparecer para nunca mais ter que passar pelos mesmos momentos de dor e angústia que um dia viveu em companhia de pessoas que juravam ser seus amigos, mas que não passavam de lobos em pele de cordeiro.
(Lucas Almeida)
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